quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ternura

É tão importante que sustenta a vida. Muitas criaturas a negam, mas ninguém a dispensa.
Apresenta-se tímida, quase como se não existisse. No entanto, engrandece quem a dá e embeleza quem a recebe.
Manifesta-se em pequenos nadas, como um olhar num momento muito especial. Um olhar que tem o brilho de uma estrela em um céu cheio de astros.
Pode se exteriorizar em um sorriso, em um aperto de mão. O namorado que se aproxima da sua amada e lhe acaricia com suavidade o rosto, como se estivesse tocando o veludo de uma rosa que desabrocha.
Pode ser sentida em uma canção que alguém entoa à distância, uma canção que fala de momentos doces, de um pôr-de-sol, de um amanhecer...
Irradia-se de uma palavra em um momento oportuno. Palavra que tem o dom de acariciar a alma e lembra o voo gracioso de uma ave no céu azul.
Expressa-se no silêncio de um amigo que nos reconhece a dor íntima e simplesmente se senta ao nosso lado, aguardando que desejemos falar, dizer do que nos está magoando, machucando. Oferece-nos o ombro amigo para o desabafo e as lágrimas.
Expressa-se na mãe e no pai que chega em casa e brinda os filhos com um terno beijo ou abraço, dizendo-lhes silenciosamente: eu amo você. Um afago nos cabelos, um olhar que compreende. Uma comidinha quente, um lanchinho, um ficar juntos mesmo sem dizer nada.
Ela fala sem voz. Atua sem mãos. Brilha sem luz...
Falamos da ternura, que é alma e é coração.
Ela sustenta os matrimônios na Terra e aquece os corações maternos quando a neve dos invernos já coloriu os cabelos com sua brancura.
No namoro, ela faz parte do doce encantamento que toma de assalto os enamorados. Nos primeiros dias do casamento, é a brisa que visita os apaixonados todas as manhãs. Depois, quando os anos já se dobram sobre o casal, é o sentimento que alimenta a relação a dois.
Feita de coisas pequenas, como chegar do trabalho com uma flor e oferecer à amada. Ou um telefonema, no meio da tarde, para uma pequena declaração de eterno amor.
Um bilhete em envelope discreto, com uma frase curta e a marca de um beijo.
Quando a ternura se ausenta, as criaturas envelhecem mais rapidamente, parecendo murchar, como flores sem água, sem sol, sem ar.
A ternura é sempre espontânea, por isso mesmo tão preciosa. Não pode ser imposta. Quem pode dizer a uma criança que deixe a brincadeira e nos venha acariciar os cabelos com suas mãos pequeninas?
Mas, quando ela o faz de forma espontânea, nos enriquece e enche de bênçãos o coração.
A ternura é componente imprescindível às manifestações do amor.
Brota como as flores que explodem dos botões aos beijos do sol da primavera.
Onde chega produz harmonia, paz, porque a ternura é a mais forte expressão que traduz a elevação do Espírito.

 Ternura, do livro Heranças de amor.

domingo, 12 de junho de 2011

Ainda o Amor

Nos dias que vivemos, muito se ouve falar a respeito do amor. Suspiram os jovens por sua chegada, idealizando cores suaves e delicados tons.
Alguns o confundem com as paixões violentas e degradantes e, por isso mesmo, afirmam que o amor acaba.
Entretanto, o amor já foi definido pelos Espíritos do Bem como o mais sublime dos sentimentos. Reveste-se de tranquilidade e confere paz a quem o vivencia.
Não é produto de momentos, mas construção laboriosa e paciente de dias que se multiplicam na escalada do tempo.
Narra o famoso escritor inglês Charles Dickens que dois recém-casados viviam modestamente. Dividiam as dificuldades e sustentavam-se na afeição pura e profunda que devotavam um ao outro.
Não possuíam senão o indispensável, mas cada um era portador de uma herança particular.
O jovem recebera como legado de família um relógio de bolso, que guardava com zelo. Na verdade não podia utilizá-lo por não ter uma corrente apropriada.
A esposa recebera da própria natureza uma herança maravilhosa: uma linda cabeleira. Cabelos longos, sedosos, fartos, que encantavam.
Mantinha-os sempre soltos, embora seu desejo fosse adquirir um grande e lindo pente que vira em uma vitrina, em certa oportunidade, para os prender no alto da cabeça, deixando que as mechas, caprichosas, bailassem até os ombros.
Transcorria o tempo e ambos acalentavam o seu desejo, sem ousar expor ao outro, desde que o dinheiro que entrava era todo direcionado para as necessidades básicas.
Em certa noite de Natal, estando ambos face a face, cada um estendeu ao outro, quase que ao mesmo tempo, um delicado embrulho.
Ela insistiu e ele abriu o seu primeiro. Um estranho sorriso bailou nos lábios do jovem. A esposa acabara de lhe dar a corrente para o relógio.
Segurando a preciosidade entre os dedos, foi a vez dele pedir a ela que abrisse o pacote que ele lhe dera.
Trêmula e emocionada, a esposa logo deteve em suas mãos o enorme pente para prender os seus cabelos, enquanto lágrimas significativas lhe rolavam pelas faces.
Olharam-se ambos e, profundamente emocionados descobriram que ele vendera o relógio para comprar o pente e ela vendera os cabelos para comprar a corrente do relógio.
Ante a surpresa, deram-se conta do quanto se amavam.
*   *   *
O amor não é somente um meio, é o fim essencial da vida.
Toda expressão de afeto propicia a renovação do entusiasmo, da qualidade de vida, de metas felizes em relação ao futuro.
*   *   *
O amor tem a capacidade de estimular o organismo e de lhe oferecer reações imunológicas, que proporcionam resistência para as células, que assim combatem as enfermidades invasoras.
O amor levanta as energias alquebradas e é essencial para a preservação da vida.
Eis porque ninguém consegue viver sem amor, em maior ou menor expressão.

Redação do Momento com base em conto de Charles Dickens, e no cap. 13 do livro Momentos enriquecedores.